A Fórmula Dos 5 Vectores – Como Gerir As Repercussões Da Sua Presença A 360º?

 

Quando alguém nos pede para simplesmente dar uma vista de olhos no seu CV, assim como nossa opinião profissional, quanto à sua eficácia, normalmente começamos por colocar algumas questões, de modo a termos uma percepção razoável da pessoa sentada à nossa frente e do seu objectivo a longo prazo – tal como em muitas coisas, uma visão clara é uma condição “sine qua non”, para se desenvolver uma estratégia, sendo esta, por sua vez, fundamental para delinearmos um plano de acção pertinente.

Todas estas considerações são bastante genéricas, certo. Mas não faz ideia da percentagem de indivíduos que, apesar de terem alguma intuição quanto à necessidade de uma metodologia e de uma abordagem estruturada da sua própria carreira, não investem tempo a aprofundar o seu “eu” interior e a desenvolver esses elementos básicos. Bom, esse é o vosso trabalho – dir-me-á, nesta altura. Sim, é verdade. Mas só em certa medida. Tal como vimos dizendo, a gestão de carreira não é algo que se possa inteiramente subcontratar. Só em momentos excepcionais poderá depender, em questões de saúde física ou mental, exclusivamente do seu médico. Na maior parte do tempo, o indivíduo em causa tem, de facto, um papel fundamental a desempenhar.

Porque escrevemos tudo isto? Bom, acompanhe-nos… mais uns minutos. Hoje, gostaríamos que reflectisse sobre a “Fórmula dos 5 Vectores”.

Alguma vez pensou em como as pessoas, em geral, e os recrutadores, em particular, criam uma imagem de si, da sua carreira, dos pontos fortes e fracos que certamente possui, da adequação que potencialmente tem para a função/ emprego que poderá vir a surgir no seu percurso?

1. A Sua Identidade

Sempre que interage com alguém, está a gerar uma impressão potencialmente duradoura. Sempre que repete esta interacção, está a ser neutro, ou mais frequentemente, está apenas a confirmar as percepções passadas – ou precisamente o contrário, neste caso, gerando o que psicólogos chamam “efeito de dissonância cognitiva”. Qual dos diferentes “eu’s” é realmente você?

2. A Sua Presença “Off-Line”

CVs, cartas de apresentação, documentos de candidatura – documentos estáticos, quer em papel quer enviados por email são memórias persistentes da pessoa, do profissional que você é, num dado momento do tempo. Podem ser reavivadas, em qualquer momento do tempo, vindas do “além espaço”, para o ajudar ou… para perturbar a mente de alguém que pode estar a avaliar o quão bem você se adequa à descrição da função de um emprego especifico, num dado contexto organizacional.

3.A Sua Presença “On-Line”

Nos tempos actuais, o “eu digital” é algo quase inevitável (ok, talvez se for um hindu “Sadu” banhando-se no Rio Ganges… mas nesse caso, não me parece que estivesse preocupado com a sua carreira). A maior parte dos nossos leitores são algo diferentes desse nosso amigo místico e deveriam por isso, prestar alguma atenção ao histórico que deixam no mundo digital. Ter um perfil profissional, dinâmico, bem gerido, pertinente no LinkedIn é uma coisa básica. Mas todas as suas outras actividades – desde que estejam publicadas no mundo digital – podem ser utilizadas para formular uma imagem do tipo de profissional e de pessoa que é (ou que parece ser – o que vai dar ao mesmo, neste caso).

Portanto, se gosta de usar os “social media” ou de comentar na internet as opiniões de outras pessoas, usando o seu verdadeiro nome, ou se for um utilizador do Facebook, tenha cuidado, por favor. O bom senso é algo bastante valioso, confie no que dizemos. Pode ser o melhor dos CFO da sua liga, mas faça o esforço de não deixar um histórico questionável das suas opiniões na internet.

As coisas estão a mudar. Um bom profissional de IT pode ser bastante útil para um recrutador empenhado em encontrar todos os seus pouco agradáveis comentários políticos / sociais / etc. publicados “on-line”.

4. O Seu “Eu” Global

As pessoas são complexas – e ainda bem. As pessoas desempenham múltiplos papéis – tal como esperado. Mas a identidade, se não for gerida adequadamente, pode tornar-se o resultado (des)controlado desta profusão de “eu’s”, sob um mesmo nome – o seu. Por isso, por favor, não se esqueça que pode – e deve, sem dúvida – agir, sabendo que tudo o que faz deixa uma marca, positiva ou prejudicial. A sua experiência académica e actividades, passatempos, a sua vida enquanto cidadão, a sua família e amigos, os seus antigos colegas de escola, os seus antigos colegas da empresa X, os seus antigos chefes do século passado, os seus grupos religiosos, a sua vida associativa, etc., tudo isto pode fazer e fará, quer isoladamente quer num efeito combinado, toda a diferença, quando se tratar de encontrar o seu próximo emprego ou de manter o actual.

5.A Sua Reputação

O que as outras pessoas pensam de si é o seu mais poderoso e, porém, mais perigoso, atributo. Oportunidades nascem, oportunidades morrem, antes de verem a luz dia, por causa exclusivamente da sua reputação. Se quisermos simplificar as coisas, podemos dizer que a sua reputação é o resultado do seu passado e do seu presente, através das lentes de todas as pessoas com quem interagiu. Nem todas essas senhoras e esses senhores têm a mesma importância. Mas tem que se esforçar por agir com bom senso, por ter uma noção de impacto global, quando desempenha a sua função, quando vive a sua vida, se quiser ter uma reputação que lhe permitirá (ou que não o impedirá de) ter aquele emprego, aquela carreira com os quais sonha há tanto tempo.

Começamos, do início, outra vez? Então quer a nossa ajuda com o seu CV? Certo. Mas antes de começarmos, deixe-nos colocar-lhe uma série de perguntas que nos parecem óbvias:

a) Qual é o seu objectivo final e porquê esse e não outro?

b) Que caminho está disposto a seguir – tem a certeza que é o melhor, o único e o mais eficaz?

c) Tem uma visão, uma missão, uma estratégia, um plano para a sua carreira?

d) Isso encaixa-se no esquema global da sua vida?

e) Como se posicionaria nos 5 vectores, tendo em conta o modo de como os outros (os outros que são relevantes) o vêem?

f) Tem noção que pode mudar algumas das percepções, mas não todas? Sabe distinguir entre as primeiras e as últimas?

g) E assim sucessivamente.

Bastante fácil conceptualmente, certo? Sim, concordamos. Totalmente.

E também fácil de implementar, certo? Nem por isso. E também aqui concordamos completamente.