Conversas & Carreiras 

Patrícia Peras

Partner Bravemind

Pode falar-nos sobre o seu percurso profissional?
O meu percurso profissional foi, ao longo destes 14 anos, sempre desenvolvido em Consultoria, com especial focus na área do recrutamento e de “headhunting”. A minha actividade tem-se focado essencialmente em recrutar perfis de “middle” e “top management”, em diversos sectores. Desde banca, seguros, FMCG, retalho especializado, IT, indústria farmacêutica, consultoria, agências digitais, etc.
Tenho “background” académico em Gestão de Recursos Humanos e iniciei a minha actividade profissional precisamente em recursos humanos, em 2004, numa multinacional de “executive search”, e, em 2006, o grande desafio foi tornar-me empreendedor, com a criação de uma empresa de consultoria de recursos humanos, a Bravemind.
Tenho desenvolvido a gestão de projectos em mais de 7 países, disponibilizando aos clientes soluções de aquisição de talento e de avaliação de profissionais.
Como “Partner”, garanto a gestão das diversas equipas de trabalho, de forma a fazer a entrega dos projectos com o maior sucesso. Sou também “Advisor” de diversos profissionais de topo, ao nível de gestão das suas carreiras.

Quais são, em seu entender, as características-chave que fazem de um recrutador um recrutador de excelência e de referência?
Um bom recrutador é, na maioria dos casos, a chave para o sucesso de um processo de recrutamento, pois é ele que representa numa primeira instância o cliente e, por isso, tem de se assumir como seu verdadeiro embaixador.
No nosso caso, sendo nós uma empresa de “headhunting”, é fundamental a confiança neste primeiro contacto, para que consigamos atrair os potenciais candidatos para uma entrevista presencial.
Por outro lado, com o surgimento de novas funções, é necessário termos recrutadores perspicazes e que consigam compreender o que está para além do que é visível, no perfil dos candidatos.
Em momentos como os de hoje, em que os candidatos estão a ser alvo de muitas abordagens, pois o mercado está bastante activo, é necessário o recrutador marcar a diferença. Assim, o seu papel é cada vez mais importante. É necessário perceber muito bem as necessidades das organizações que estão a recrutar, a dimensão, os valores, o que podem oferecer aos futuros candidatos, a carreira, a flexibilidade, entre outras mais-valias, para depois conseguirmos encontrar candidatos que façam sentido, face a todos estes requisitos. Hoje em dia, um recrutador não é aquele que selecciona e entrevista candidatos, só isso não basta.
As principais características são: a confiança transmitida ao cliente e aos candidatos; ser-se honesto e demonstrar ao candidato os seus pontos fortes e os de melhoria para aquele projecto; ser-se motivador e optimista, pois o candidato tem de sentir que aquele determinado projecto faz sentido e que a mudança valerá a pena; mostrar interesse e praticar uma escuta activa, durante a entrevista; ser influente, tanto junto do cliente, ao demonstrar que a “shortlist” apresentada é a melhor, como perante o candidato, para fomentar a aceitação do novo desafio.
Por fim, o “feedback”. É essencial ter o cuidado de, ao longo do processo, acompanhar os candidatos e, no final, ter o cuidado de dar “feedback” aos candidatos que não são seleccionados, pois tem de existir a preocupação de gerir as expectativas de quem não foi seleccionado.

Como definiria a sua missão, enquanto recrutador profissional?
A minha grande missão é criar parcerias de confiança, com clientes e candidatos.
É estar disponível para aconselhar e ajudar, nas decisões de ambos e ao longo da sua carreira.
É perceber a necessidade da empresa e colocar o profissional que maior enquadramento tem com o ambiente e a cultura.
É ser sensível sabendo estabelecer relações de confiança, gerindo bem a expectativa da empresa e do(s) candidato(s).
Somos desafiados constantemente, mas, no final, é muito satisfatório sentir que ajudámos alguém a mudar de trajectória ou a ter a evolução que tanto desejava.
É importante conseguir estabelecer relações “win-win”, entre empresa e candidato.
O recrutador é o ponto de contacto dos diversos interlocutores e, por isso, tem uma missão árdua de garantir a satisfação das diversas partes.

Actualmente, na sua opinião, quais são os principais desafios da indústria de recrutamento especializado?

Este ano, em Portugal, nota-se um grande crescimento no recrutamento, com o surgimento de muitos centros de competências nas áreas IT, Finance, Automóvel e Digital, o que cria mais competição no mercado e uma procura feroz de talentos.
O grande desafio da indústria de recrutamento é conseguir soluções de captação de pessoas cada vez mais rápidas e gerir de forma eficaz o acesso e o tratamento de tanta informação a que hoje temos acesso.
É conseguir demonstrar a um potencial candidato que o projecto que temos para lhe oferecer será um verdadeiro desafio. Existe, hoje, uma grande competição por talento, o que permite a muitos candidatos ter um grande número de oportunidades de escolha.
Outra situação que se nota é o surgimento de funções em que existem poucos recursos e por isso a pesquisa é cada vez mais global / internacional.
Relativamente à inserção de tecnologia nos processos de recrutamento, consideramos positivo para recolha automática de informação, mas acreditamos que o contacto humano tem sempre existir – é importante sentir as emoções, motivações, discurso, postura do candidato e a relação interpessoal.
O candidato deve sentir-se único e especial de forma a tornar o processo de recrutamento personalizado.

De forma resumida, quais as razões, os contextos, que aconselham uma empresa a recorrer a serviços de recrutamento profissional?

O recrutamentoé um processo que envolve tempo, desde a pesquisa até à selecção do candidato. A Bravemind sempre se posicionou como sendo a extensão do departamento de recursos humanos dos seus clientes.
Desta forma, a grande vantagem é ter um parceiro focado e dedicado à pesquisa de candidatos, enquanto os DRH´s se devem focar nas suas pessoas e no negócio do seu cliente interno. Torna-se, muitas das vezes, mais eficaz, rápido e assertivo, pois trabalhamos de forma proactiva, na pesquisa de pessoas e com uma grande dedicação ao processo.
Por outro lado, existem empresas e/ou candidatos que não se querem expor directamente, pois têm receio de perder a confidencialidade. Ao utilizar um parceiro, essas questões são salvaguardadas para ambas as partes. Outro motivo também se prende com os casos em que o cliente quer recrutar alguém da sua concorrência directa.
Para além de recrutadores experientes, somos consultores e conselheiros. Ajudamos na tomada de decisão. Conseguimos dar ao cliente uma visibilidade do mercado, em termos de candidatos, motivações e pacotes salariais. Estas são informações que provavelmente o cliente não saberia, se não fosse o conhecimento dos nossos consultores, pois temos uma visão transversal e profunda de todos os sectores de atividade.
Assim, enumeraria 3 grandes factores para as empresas recorrerem aos serviços de recrutamento: rapidez, visão de mercado e profissionalismo isento.
É com bastante agrado que temos vindo a ver uma evolução positiva do mercado de recrutamento, surgindo um mercado mais sólido e consistente. Observamos que as empresas portuguesas são cada vez mais adeptas deste modelo, já que as multinacionais o vêm como uma realidade adquirida nos seus processos de recrutamento. Assim, os clientes estão cada vez mais a aderir ao recrutamento através de parceiros como a Bravemind, permitindo que tenham mais tempo para eles próprios, para a sua gestão interna, e mais receptivos a fazerem a gestão de todo o processo de forma isenta e por alguém que se dedica ao recrutamento em exclusivo no seu dia-a-dia de trabalho.