Conversas & Carreiras 

Eduarda Luna Pais

Founder da ELPing Organizational Fitness

Pode, resumidamente, partilhar o seu percurso profissional?
O meu percurso profissional resume-se em três etapas: Gestora, Consultora e Empreendedora.
A primeira etapa correspondeu a 10 anos no Grupo Johnson & Johnson e começou com uma oportunidade ímpar de realizar um treino de alguns meses nos EUA (Vendas, Marketing Accounting e Marketing) em várias empresas do Grupo. Já em Portugal, trabalhei na área de grande consumo – no Marketing – durante dois anos, mas cada ano com marcas distintas. Posteriormente, integrei a equipa de Trade Marketing – durante mais dois anos –  e reportei ao melhor Chefe que tive até hoje. Foi aí que ocorreu a mudança do Consumo para a Farmacêutica (Janssen durante dois anos e depois Janssen-Cilag). Fui responsável por criar a Divisão de Farmácia com equipa própria e, depois, fundi as duas equipas de medicamentos de venda livre, aquando da fusão da Janssen com a Cilag. Na última fase desta etapa no Grupo J&J, retornei ao grande consumo, agora com o objetivo de reestruturar a Direção de Vendas de responsabilidade geográfica para Gestores de Contas.
Na segunda etapa, como Consultora da Egon Zehnder International no escritório de Lisboa, agarrei a oportunidade de mudar de foco – neste caso, de produtos para serviços – e integrei uma área totalmente nova. Levei comigo, no entanto, o ímpeto e a motivação de garantir que a pessoa certa encontrasse o lugar correto, o que é bastante relevante no Executive Search. O meu trabalho integrava vários setores, mas o principal foco foi o Life Sciences e o Fast Moving Consumer Goods. No decorrer deste processo, fui eleita Partner e, nos últimos cerca de quatro anos, Office Leader.
Na terceira etapa, decidi fundar a ELPing, cujo principal foco é a identificação e desenvolvimento de líderes e Gestores Seniores, bem como Assessoria na constituição de Boards eficientes. Para além disso, procuro integrar o mundo académico, o que se tem refletido na minha participação na área de Fator Humano da AESE Business School.

A sua experiência pessoal, enquanto recrutadora profissional, mostra-lhe alguma lacuna fundamental, em termos de “skills” e/ou competências, no nosso mercado de talento?
Mais do que lacunas em “skills” ou competências, o mercado Português é muito conservador e valoriza provas dadas e experiência anterior sobreponível ao que procura. A exposição a outros mercados geográficos é algo muito valorizado atualmente e nem sempre existe um número considerável de profissionais com essa experiência prévia num determinado mercado. A área de Business Development e Exportação de determinados produtos específicos sofre também com a falta de Portugueses com experiência anterior significativa.
Apesar de muitos profissionais serem fluentes em Inglês, ainda é possível encontrar candidatos – bastante competentes –  que não apresentam a fluência que seria desejável.

É comum ter candidatos, de nacionalidade portuguesa mas residentes no estrangeiro, fruto da emigração qualificada, nestes anos mais recentes? São diferentes, de algum modo, dos candidatos que entrevista e que não passaram por essa experiência?
Cada vez é mais comum existirem candidatos Portugueses que estão baseados além-fronteiras. A sua exposição a diferentes culturas, a mercados maiores e a necessidade de se adaptarem e serem bem-sucedidos é uma realidade. Em muitos casos fazem esse percurso com o cônjuge e filhos, o que requer uma adaptação de toda a Família e, por vezes, resulta numa maior coesão da mesma.

Qual foi o pior dia de trabalho que já teve – recorda-se? O que aprendeu?
Não tenho recordações do pior dia de trabalho, mas sim de alguns momentos que me marcaram pela negativa. Como esses momentos envolvem pessoas, é algo que manterei como confidencial.
Os momentos positivos têm realmente superado largamente e abafado os momentos menos bons que já vivenciei. Certamente a vida nem sempre é “um mar de rosas” e os espinhos ajudam-nos a crescer. É necessário ter sempre uma atitude positiva e de agradecimento pelas situações que temos o privilégio de viver, durante o nosso percurso.

Quais os principais conselhos de gestão de carreira que gostaria de transmitir a quem nos lê?
Tenho quatro conselhos:
1. Descubra a sua missão na vida e faça tudo para a concretizar; mantenha-se sempre fiel aos seus princípios e valores.
2. Deixe uma “marca” em todas as etapas que decidir abraçar; tenha uma história positiva para contar, sobre cada uma delas.
3. Preocupe-se com a sua aprendizagem constante (frequente pós-graduações, cursos on-line, leia livros e artigos, aprenda com os outros, …); o saber não ocupa lugar!
4. Invista no seu network, tendo em conta que devemos sempre dar primeiro para depois receber.