Conversas & Carreiras 

Inês Calhabéu

 Business Unit Manager Search & Selection Egor

Pode partilhar o seu percurso profissional, até ao momento?
Acredito ter um percurso profissional atípico, para quem assumiu as funções que tenho desempenhado nestes últimos anos.
O meu percurso iniciou-se em 2003, com o término de uma Licenciatura em Turismo. Na altura, a inclinação era para Direito, mas o Turismo, por ser um curso mais abrangente em Gestão, determinou a escolha.
Seguiram-se alguns anos de experiência em empresas de prestígio nacional, no sector Hoteleiro e na Aviação e em funções transversais, que me proporcionaram a oportunidade de adquirir e consolidar conhecimentos amplos e úteis a qualquer organização nacional e Internacional.
Tenho vindo a adquirir, ao longo do tempo, conhecimentos técnicos nas áreas da Gestão e Finanças, Comercial e Marketing e Operações, mas foi a liderar uma equipa internacional que consolidei as competências pessoais que fazem de mim quem sou hoje: uma pessoa resiliente e com grande flexibilidade de adaptação a novas realidades e contextos, que têm vindo a ser cada vez mais disruptivos.
Sempre acreditei que é nas competências pessoais que reside a grande mais-valia de cada ser humano e o que são os que nos distingue uns dos outros. É em 2011, através de um convite internacional para trabalhar em Bruxelas, que pude por em prática o meu lado pessoal e profissional numa nova dimensão. Tive a oportunidade de colaborar com empresas de renome internacional, lado a lado com as instituições Europeias, em programas de Recrutamento Internacional, Direito e Legislação do Trabalho Europeus, Desenvolvimento de Equipas Internacionais, bem como adquirir fluência nos idiomas do país, o Francês e o Holandês, que ainda ponho em prática, pelo gosto pessoal que mantenho.
Actualmente, sou, desde Janeiro de 2016, Directora da área de Recrutamento da Egor, em Lisboa, e o meu objectivo profissional é continuar esta longa aprendizagem que a vida nos proporciona. A curto e médio prazo, pretendo continuar a desenvolver as minhas competências em Gestão, quer seja de empresas ou de pessoas / equipas.

Como definiria a sua missão, enquanto recrutador profissional?
Na minha actual função e no sentido restrito da palavra “recrutador”, a minha missão passa encontrar o equilíbrio ideal, e se possível perfeito, entre candidatos e empresas, fazendo a melhor combinação, para que estas possam aumentar a sua produtividade, recrutando o profissional que mais se adequa à sua cultura empresarial e ao cenário em questão.
Trabalho com uma equipa altamente profissional, que se dedica com rigor a todos os projectos que lhes são atribuídos, tendo como objectivo garantir a máxima qualidade no desenvolvimento dos mesmos.

Como vê, genericamente, o panorama das empresas de Recrutamento ( Recrutamento & Seleção, Executive search / Headhunting), no nosso país?
Sinceramente, considero que as designações atuais de “Executive Search” e “Headhunting” encontram-se desprovidas de conteúdo, se assim podemos dizer. O contexto alterou-se significativamente, nos últimos 3 anos.
Em consequência da retoma económica, os processos e as metodologias têm vindo a alterar-se continuamente e têm posto à prova as empresas e os profissionais destas áreas. O cenário de quase pleno emprego, tem levado a uma procura crescente de candidatos cada vez mais qualificados, sobretudo em áreas onde a escassez destes mesmos profissionais leva a uma limitação na capacidade de resposta a estas mesmas solicitações, criando um desequilibro considerável entre a procura e a oferta.
A massificação de empresas que oferecem este tipo de serviços aumentou substancialmente, nos últimos tempos. A maior limitação existente é resultante desta mesma massificação e consequencialmente da desvalorização que está subjacente a este tipo de serviços. Em Portugal, os serviços de consultoria não são reconhecidos pelo valor acrescentado que efectivamente têm, ao contrário dos mercados europeus, onde as empresas clientes e fornecedoras trabalham lado a lado e com mútuo respeito.
Relativamente aos processos de “Executive  Search” ou “Headhunting”, é  essencial ter em mente que estes processos devem ser elaborados de forma confidencial, sendo essencialmente dirigidos a Quadros Superiores ou Quadros muito técnicos, exigindo uma abordagem minuciosa e discreta. São projectos com especificidades distintas e que devem ser geridos por especialistas com experiência consolidada específica.
A qualidade e a dedicação dos profissionais destas áreas determinam, na grande maioria das vezes, o sucesso das empresas de recrutamento – ou de qualquer outra, cujo foco esteja na captação de profissionais.

Que conselho daria, a nível de gestão de carreira?
Os meus conselhos de Gestão de Carreira são sobretudo ao nível das competências, sejam estas técnicas ou pessoais, que podemos desenvolver, ao longo da vida profissional, e simultaneamente do investimento pessoal em cada um de nós. O que nos distingue uns dos outros são as nossas mais-valias pessoais, que são únicas, sendo de extrema importância a gestão da nossa “marca pessoal”. Sugiro a todos os profissionais que estão em transição de carreira ou a considerar uma mudança profissional que se aconselhem com uma entidade especializada neste domínio.

Como vê, na atualidade, a industria em que a sua atividade se insere, face ao que era por exemplo, hà uma década?
Nestes últimos 10 anos tudo mudou! E vai continuar a mudar.
Acredito veemente que todas as áreas relacionadas com a gestão de Recursos Humanos, nomeadamente Recrutamento, Selecção e Desenvolvimento, vão sofrer alterações profundas, nestes próximos 2 anos, na sequência desta nova Quarta Revolução industrial. A Inteligência Artificial estará mais consolidada e os processos serão automatizados, dando espaço a novos contextos digitais, onde as realidades Virtual e Aumentada darão uma ajuda a esta nova mudança de cenários e de paradigmas. Forçosamente, alguns postos de trabalho serão extintos, mas novos surgirão.