reinvenção radical

Reinvenção Profissional Radical

Na primeira pessoa

Por: Luís Barbosa | Senior Career Advisor

 

Já pensou que muitas pessoas que representam o sucesso profissional, nas mais diversas áreas, passaram por momentos de reinvenção radical  ? Pessoas como o ator Harisson Ford, Michael Jordan, Elen Degeneres ou até o Papa Francisco ?

Antecipamos que o leitor possa pensar que “não funciona com toda a gente”, que “não funciona em Portugal”, que “as pessoas precisam de segurança”, que “sempre trabalhámos neste setor”, só sabemos fazer isto”, “que o COVID fez com que tudo parasse”. E que “um dia havemos de fazer alguma coisa”.

A nossa teoria central é a de que a principal barreira a uma reinvenção radical necessária está dentro de cada um de nós. Na ausência de um sentido de urgência. Numa conformação progressiva de expetativas que fazemos com uma vida profissional cada vez mais medíocre. Ser “mais ou menos” é “mais ou menos”, por isso vamos aguentando.

 

Quando vale a pena pensar nisso – Alguns exemplos

Vale a pena estarmos atentos a sinais de que podemos ter a necessidade de nos reinventarmos.

  • Quando a nossa vida profissional estagnou, mesmo mudando de emprego. Não há crescimento de responsabilidades, autonomia, salário. Não nos sentimos desafiados.
  • Quando ir trabalhar se tornou insuportavelmente aborrecido. Tudo à nossa volta passou a ser um problema. O chefe, os colegas, as tarefas. Não há identidade. Quando achamos que estamos a viver a vida profissional de outra pessoa.

O momento para pensarmos nisso tem que ser escolhido. Tipicamente, terá que ser antes de ser desesperadamente necessário. Enquanto ainda pensamos racionalmente sobre o assunto. Enquanto ainda temos força para tentar outra coisa.

 

Como começar – uma base

As três perguntas que consideramos necessárias a uma reinvenção profissional radical. Simples de equacionar e há muito inventadas. Talvez mais difíceis de responder:

  • O que gostamos de fazer ?
  • O que sabemos fazer bem ou podemos aprender a fazer ?
  • Alguém pagaria para fazermos isso ? Há mercado ? Podemos falar com alguém que nos ajude a compreender isso ?

 

As dificuldades – o mercado e “eu”

Apesar de reconhecermos uma tendência positiva, é um facto que o mercado não ajuda. Há uns dias, uma pessoa que muito prezamos dizia que em Portugal se recruta muito mais pela experiência do que pelo potencial. Isso, para nós, sempre foi muito evidente. E cria setores com uma base de corporativismo, onde a partilha de conhecimento é limitada, porque os setores aprendem pouco uns com os outros.

O mercado é igualmente pequeno e conservador e compreende-se que isso não ajuda. Há-que saber procurar, por vezes com necessidade de tentarmos durante bastante tempo.

 

Ainda assim, os problemas, não nos parecem ser definitivamente os que acima exemplificámos e se enunciam mais recorrentemente. O maior problema e obstáculo resume-se muito a uma palavra: “complacência”. Somos demasiado bons em arranjar “desculpas”. O chefe é chato, o trabalho é chato, mas eu também me tornei tão chato como eles. E prefiro ficar mais 15 anos no mesmo sítio, a ocupar o lugar da pessoa que há muito me devia ter substituído, a estagnar enquanto profissional e a garantir que nunca vou ser mais feliz do que sou hoje.

 

Compreende-se que a reinvenção profissional não é para toda a gente, nem é solução sempre. Mas não gostamos de ver profissionais de 30 ou 40 anos com a atitude mental e o conformismo de quem podia ter 80. Até terem 50 anos e o mercado se começar a fechar para eles.

Neste particular, o problema que nos parece mais nuclear, não são os nossos filhos, o mercado ou a conjuntura. Parte de cada um de nós. Podemos decidir continuar ou transformar a nossa carreira. A sorte existe e tem o seu peso. Mas se agirmos com estratégia, não serão os outros ou apenas a sorte a decidir por nós.

E você, caro leitor ? Quão bom é a arranjar desculpas ?