Gestão de Carreira

Gestão de Carreira vs Gestão de Crise

Por: Nuno de Almeida e Silva | Legal Career Advisor

 

A gestão de carreira e a gestão de uma qualquer atividade empresarial, tendo muitos pontos que não são comuns entre elas, partilham também, em algumas áreas, pontos ou visões que se aplicam de igual forma a ambas. É sobre isso que falo neste artigo.

Nos negócios há um ditado frequente que diz o seguinte: «Ou crescemos, ou morremos.»

Vale isso para dizer que ou desenhamos uma estratégia de crescimento, e almejamos crescer, ou apenas mantemos rumo, e acabamos por definhar, por falta de um verdadeiro desafio de crescimento.

 

Nesse caminho de gestão podemos adotar, entre outras, duas visões fundamentais:

  • A) A visão de que, quando tudo corre bem, esse é o momento para perspetivar mudanças e preparar tudo para quando o momento seja menos bom;
  • B) A visão de navegar a onda positiva até ao ponto máximo possível, sem perspetivar qualquer tipo de mudança, para dela retirar a melhor vantagem/rentabilidade instantânea.

 

Olhando para as opções, a segunda parece mais segura, mais rentável e até mais lógica, com menos risco e com melhores resultados prováveis.

E isso é aparentemente verdade. Afinal, em equipa (estratégia) que ganha não se mexe.

Mas é só aparentemente, uma vez que tal só é verdade se as condições de mercado se mantiverem para sempre como estão no momento da decisão.

 

Contudo o mundo não é assim, as condições mudam e se há alguma coisa que todos aprendemos com a crise financeira de 2008 e pandémica de 2020, é de que tudo pode mudar de um momento para o outro.

E assim, quem optou, nos bons momentos, pela opção A), ficou tendencialmente melhor preparado para navegar, gerir e adaptar-se às mudanças abruptas provocadas pelas crises, do que quem optou pela opção B).

 

A opção B) é navegar na crista da onda, sem pensar que a onda vai rebentar. É a chamada navegação há vista e a verdadeira gestão só começa com a crise…

A opção A) é navegar na crista da onda ao mesmo tempo que nos preparamos para quando a onda rebenta.

 

Aqui, a verdadeira gestão da empresa acontece quando tudo corre bem, para que tudo corra bem também nos momentos menos bons.

 

NA CARREIRA ACONTECE O MESMO!

 

O que é que que tudo isto tem a ver com a gestão de carreira?

Bom, tem tudo a ver.

 

Há uma frase na gestão de carreira que demonstra isso mesmo: devemos de desenvolver processos de gestão de carreira quando estamos bem, não quando estamos mal, porque no primeiro cenário preparamos o futuro e no segundo corremos atrás do prejuízo.

Isso significa iniciar um processo de gestão da carreira quando “parece” que não precisamos de o fazer, e não quando algo de totalmente imprevisto e disruptivo acontece.

Parece contraintuitivo, mas não é.

 

Se gerirmos a carreira, o rumo, as opções e possibilidades futuras, num momento em que tudo está bem e o “mar está calmo”, temos a paz de espírito, a tranquilidade e a segurança financeira da situação atual para levar o processo com a calma e a clareza necessárias, seja num movimento de ascensão na organização, seja num movimento de transição entre organizações.

 

Se o fazemos porque perdemos o emprego, porque há relações tóxicas onde estamos, porque não sentimos reconhecimento ou não estamos realizados (e não nos preparamos atempadamente para isso) a história é outra.

Aí “navegamos no meio da tempestade”, e com ela sentimos a pressão de ter que sair sem verdadeiramente querer, ou ao invés, querer sair e uma urgência de mudar, e nestes cenários temos uma menor clareza, uma menor paz e até uma eventual menor capacidade financeira para contratar um processo de gestão de carreira ou de escolher um processo desse tipo de uma maneira informada.

 

Nestes momentos podemos já não estar a gerir a carreira. Estamos na verdade a tentar gerir a crise na carreira. E isso é mais desafiante.

Por isso mesmo, a gestão de carreira é um investimento, tanto na posição atual, como em futuras posições, através de uma reflexão apoiada e ao mesmo tempo desafiadora.

Seja para delinear os caminhos futuros dentro da atual organização (é isso que fazemos no nosso programa ongoing career management), seja para planear a médio prazo uma mudança estruturada (é isso que fazemos nos nossos programas strategic ou active career management).

 

Porque é muito mais fácil planear o futuro quando temos tempo, disponibilidade mental e financeira, do que quando todas, ou quase todas estas condições, nos faltam.

 

QUANDO TEMOS TEMPO, TEMOS LIBERDADE

 

Quando temos que procurar uma solução com base na gestão de crises, tendemos a escolher aquela que mais rapidamente se apresenta à nossa frente. Mas não necessariamente a melhor.

A urgência e a disponibilidade de ofertas de serviços (processos mentais que condicionam a decisão) ditam a nossa escolha, não a nossa verdadeira e ponderada vontade.

Temos urgência, mas com ela falta-nos tempo para escolher, sendo assim menos livres na nossa escolha.

 

Quando optamos pela gestão de carreira como descrita acima, sem pressão, temos mais tempo, e por isso mais liberdade para analisar, comparar e escolher. E é este o modelo que defendemos.

Por isso é que nós, na Upper Side, nunca pressionamos um cliente a contratar-nos.

Depois de nos conhecer, o cliente contrata-nos se quiser, e no seu timing, que é sempre respeitado. Não precisamos usar gatilhos mentais como prazos, poucas vagas ou vai esgotar rapidamente, como forma de pressionar à decisão.

 

A Upper Side é uma empresa Cliente Driven, pelo que se o cliente é o mais importante, ele já é muito importante, mesmo quando ainda não é cliente (ou mesmo que não venha a ser). Fazemos isso por princípio.

E a verdade é que ser firme nos princípios traz sempre melhores resultados, a longo prazo, do que abdicar deles só para não perder um cliente/rendimento no imediato, pois pode não se perder aquele, naquele momento, mas perdem-se muitos outros pelo caminho.

Porque assim nos posicionamentos, estamos preparados para ajudar pessoas tanto na gestão de carreira, como na gestão de crises na carreira, mas se nos derem oportunidade para tal, aconselhamos sempre a primeira, sem sombra de dúvida.

 

Para nós, o rendimento é sempre uma consequência daquilo em que acreditamos.

E nós acreditamos na gestão de carreira.