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A Formação como Pilar Fundamental no Desenvolvimento da Carreira

Por: Helena Faria | Career Advisor

 

A evolução tecnológica tem um papel central nas alterações do mercado de trabalho, à semelhança do que aconteceu em muitos momentos da nossa história, mas hoje com um ritmo muito mais acelerado. A crescente presença da Robótica e da Inteligência Artificial (IA) nos mais diversos domínios profissionais faz com que hoje conheçamos muitas funções que no médio prazo irão desaparecer, mudando de forma significativa os processos, as ferramentas, os métodos e as metodologias de trabalho.

 

Com a IA a medicina irá sofrer mudanças inevitáveis, com um elevado impacto na precisão de diagnósticos. Nos recursos humanos existem algoritmos que já são capazes de otimizar processos e conseguir resultados mais precisos no recrutamento, na avaliação de desempenho, etc. Começam a surgir exemplos práticos de como a IA pode ser aplicada no processo de ensino/aprendizagem, possibilitando a criação automática de livros personalizados, com uma forma e complexidade ajustada ao perfil de aprendizagem de cada aluno, o ensino personalizado, de acordo com as necessidades e capacidades de cada aluno, a automação de tarefas mais rotineiras e administrativas dos Docentes, libertando-os mais para o ensino e investigação.

 

Com a robótica, chegam ao mercado cada vez mais produtos e a custos menores, o que aumenta em muito a rentabilidade e a competitividade das empresas. Um pouco por todas as áreas funcionais e setores encontramos exemplos de mudança que vêm com a tecnologia.

 

Hoje, a estagnação e o não desenvolvimento de novas competências nos profissionais terá consequências enormes, podendo mudar drasticamente a vida dos que se deixarem parar e não assumirem a “rédea” das suas carreiras. Durante a última crise económica portuguesa entre 2011-2014, muitos profissionais que perderam o seu emprego não conseguiram reentrar no mercado ou tiveram de encontrar alternativas profissionais para continuar ativos. Refiro-me aos que percorreram uma vida de trabalho, fazendo sempre o mesmo sem grande preocupação em aprender algo de novo, em desenvolver novas competências, apenas focados em continuar o seu dia-a-dia de forma mecânica e rotineira. Confrontados com o desemprego e uma economia a renascer, percebeu-se a presença de um aparente desajuste entre as necessidades do mercado e a oferta de qualificações por parte de muitos portugueses.

 

Hoje, quem não se preocupar e apostar continuamente na sua formação e desenvolvimento, a empregabilidade poderá estar fortemente comprometida. Sem compreendermos como o nosso trabalho poderá mudar com a IA, a automação generalizada e outras ferramentas tecnológicas, sem nos prepararmos com a aquisição continuada de novos conhecimentos e competências e sem a atitude certa face à mudança, poderemos não ter lugar no mundo do trabalho, pelo menos na forma como idealizamos a continuação da nossa carreira.

 

As universidades e todas as organizações ligadas à formação têm neste contexto um papel fundamental, na produção e promoção contínua do conhecimento. Precisam de estar alinhadas nas suas estratégias, conteúdos e metodologias de ensino com o mundo empresarial, para que possam formar e “reciclar” pessoas que sejam facilmente empregáveis num futuro próximo, sendo aqui importante a exposição a uma base tecnológica e quantitativa de formação. As empresas, por sua vez, têm um papel crítico na exposição dos seus recursos a novos desafios e projetos, não alimentando a estagnação e promovendo um desenvolvimento contínuo de competências. A última variável desta equação, as pessoas, têm de ser pró-ativas, demonstrar espírito de iniciativa, abertura aos desafios, capacidade para lidar com o risco, com a mudança e com a adversidade, tudo isto associado a uma atitude de contínua superação e de não acomodação.

 

Só com este jogo “a três” se garantirá a satisfação das necessidades de um mercado complexo, exigente, competitivo e em permanente mutação.